terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O que você quer?

Nestes últimos instantes de 2009, pensava em algo para escrever, tentando marcar o encerramento de mais um ano, uma década, a primeira do século XXI. Na verdade, faltou-me originalidade para fazer isso. Não, eu não queria colocar aqui uma lista do que quero fazer em 2010, as famosas metas a serem atingidas. Até porque no fim do ano acabo esquecendo tudo o que eu prometi, ou pensei em fazer durante o ano.
Claro, o fato de não colocar aqui essas metas não significa que não as tenho. Mas, queria realmente refletir sobre essas metas, refletir sobre o que eu preciso mudar em mim, na forma de agir e ver o mundo, de tratar as pessoas.
Enfim, busquei em meus autores preferidos algo que dissesse o que eu tenho pensado neste fim de ano. Recordo-me que antes de iniciar 2009, coloquei aqui o poema Receita de Ano Novo, de Drummond, que com certeza vale a pena ser relido antes de continuar com o restante deste post.
Este ano escolhi uma crônica de Martha Medeiros, autora que li muito este ano e pela qual me apaixonei. E espero que todos os meus leitores e amigos gostem e se questionem: O que é que você quer? Eu estou fazendo este questionamento e elegendo minhas prioridades.
Desejo que cada um eleja as suas, e corra atrás (ou na frente, quem sabe, rsrsrsrsrs) para fazer com que elas se tornem realidade. Que 2010 seja um ano de realizações para cada um que lê as minhas palavras neste blog, e que no final deste ano que vai começar, possamos juntos analisar tudo o que passou e ver se de fato chegamos ao fim satisfeitos com tudo o que conseguimos. E claro, que a necessidade de escrever só aumente com o passar dos dias e que venham posts maravilhosos pela frente.

Bruta Flor do Querer

"Quando era menino, o pintor mexicano Diego Rivera entrou numa loja, numa daquelas antigas lojas cheias de mágicas e surpresas, um lugar encantado para qualquer criança. Parado diante do balcão e tendo na mão apenas alguns centavos, ele examinou todo o universo contido na loja e começou a gritar, desesperado: "O que é que eu quero???"
Quem nos conta isso é Frida Khalo, sua companheira por mais de 20 anos. Ela escreveu que a indecisão de Diego Rivera o acompanhou a vida toda. Ao ler isso, me perguntei: quem de nós sabe exatamente o que quer?
A gente sabe o que não quer: não queremos monotonia, não queremos nos endividar, não queremos perder tempo com pessoas mesquinhas, não queremos passar em branco pela vida. Mas a pergunta inicial continua sem resposta: o que a gente quer, o que iremos escolher entre tantas coisas interessantes que nos oferece esta loja chamada Futuro? Sério, a loja em que o pequeno Diego entrou chamava-se, ironicamente, Futuro.
O que é que você quer? Múltiplas alternativas. Medicina. Arquitetura. Música. Homeopatia. Casar. Ficar solteiro. Escrever um livro. Fazer nada o dia inteiro. Ter dois filhos. Ter nenhum. Cruzar o Brasil de carro. Entrar para a política. Tempo pra ler todos os livros do mundo. Conhecer a Grécia. Morar na Grécia. Morrer dormindo. Não morrer. Aprender chinês. Aprender a tocar bateria. Desaprender tudo o que aprendeu errado. Acupuntura. Emagrecer. Ser famoso. Sumir.
O que você quer? Morar na praia. Filmar um curta. Arrumar os dentes. Abrir uma pousada. Recuperar a amizade com seu pai. Trocar de carro. Meditar. Aprender a cozinhar. Largar o cigarro. Nunca mais sofrer por amor. Nunca mais.
O que você quer? Viver mais calmo. Acelerar. Trancar a faculdade. Cursar uma faculdade. Alta na terapia. Melhorar o humor. Um tênis novo. Engenharia química. Um mundo mais justo. Cortar o cabelo. Alegrias. Chorar.
Abra a mão, menino, deixa eu ver quantos centavos você tem aí. Olha, por esse preço, só uma caixinha vazia, você vai ter que imaginar o que tem dentro.
Serve."

MEDEIROS, Martha. Bruta flor do querer. In: Montanha Russa. Porto Alegre: L&PM, 2006.

FELIZ 2010 A TODOS! e ATÉ O PRÓXIMO ANO...RS

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Ciclos

Estive pensando no que será para mim o ano que está por vir: 2010?
Temos em nossas vidas ciclos que são encerrados de tempos em tempos. Vivi um longo ciclo, de 16 anos, que foi o período em que morei com meus pais, numa cidadezinha do interior, onde concluí meus estudos, onde vivi apartado do mundo, reprimindo meus desejos. Essa semana, encontrando uma amiga daquela época, ela me recordava das nossas conversas de que aquela cidade era pequena pra mim. E de fato, bastou acabar o Ensino Médio e minha amada mãe me impulsionou a sair de lá e estudar fora. Começava aí mais um ciclo: morar com parentes, em uma cidade grande, conhecer novas pessoas, outra realidade, ter acesso direto ao mundo em si, e descobrir quem eu era de verdade, os meus desejos, meu gosto. Aprender
a cuidar de algumas coisas sozinho, e ser mais independente.
Período muito importante! Ainda lutando contra algumas realidades que precisavam ser aceitas, mas que fingi não ver. Esse período durou 3 anos, até que veio mais uma mudança: passar no vestibular.
Encerrava-se outro ciclo e começava um totalmente novo: entrar na vida acadêmica, encontrar o primeiro trabalho na cidade grande, ter responsabilidades, aceitar minha homossexualidade, vivê-la, driblar as pessoas mais chegadas para que não soubessem, até que eu tivesse confiança o suficiente para me aceitar e partilhar isso com as pessoas que amo. Um período muito gostoso e difícil.
Dois anos depois, veio mais um ciclo: morar com o irmão, dividir a casa, executar alguns trabalhos domésticos. Crescer mais como homem. Acreditar mais em mim, e mostrar as pessoas que amo quem realmente eu sou: Homem, gay, inteligente, divertido, amigo fiel até o fim, carente e necessitado de amor, solteiro desde então...e ávido por finalmente viver uma história verdadeira, em conflito com a família, principalmente o pai, ás vezes triste em excesso, grosso, cheio de arestas a serem aparadas.
Nesses dois anos, vivi um deles com meu irmão e nosso colega, e o outro ano com meu irmão apenas. Aprendi muito, e fiquei mais próximo de meu maninho.
Após este período veio a oportunidade de morar sozinho. Alguns aprendizados nessa fase, que veio junto com o final de mais um ciclo: a graduação.
Agora, após estes ciclos, contabilizando um total de 24 anos estou morando "só", graduado, sem neuras quanto a ser gay, entrando nos eixos na relação com a família, escolhendo muito bem meus amigos, recém saído de uma experiência como educador onde aprendi muito, vivendo as minhas amizades, vejo o encerramento de mais um ciclo, e o possível início de um outro, onde virá a minha independência financeira, a minha independência como homem. É chegada a hora de finalmente CRESCER. Tomar as rédeas da minha vida, minhas decisões, e seguir em frente, traçando metas, analisando e aproveitando as oportunidades que aparecerem, e construindo a MINHA VIDA, sem a interferência de ninguém.
Confesso que bate o medo do desconhecido, do novo, do futuro. Mas estou decidido a enfrentá-lo e arriscar. Em um determinando texto de Augusto Branco, atribuído a Charles Chaplin, Shakespeare e etc, ele diz que "O mundo é de quem se atreve."
Então, 2010 para mim não será apenas mais um ano. Será O ANO. Novas tentativas, nova vida, nova cidade, um recomeço.
AH, e não posso deixar de dizer que no encerramento de mais um ciclo, o blog ganhou proporção viciante em minha vida. Agora posso dizer que escrever aqui para mim é algo fundamental e a mudança de vida em 2010 será relatada aqui com certeza!
A todos os meus amigos e leitores, um forte abraço e antes que termine o ano, volto com um textinho reflexivo sobre os próximos 365 dias que vem aí. Até mais.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Presentes de Natal.

Ao som de Norah Jones, cd novo: The Fall

Ouço o som das renas de Papai Noel. Está chegando o Natal...
Não costumo me animar mais tanto como já me animei no passado para os festejos natalinos. A gente vai crescendo e percebendo que algumas verdades da infância são criadas para trazer um pouco mais de magia a nossas vidas. No entanto, na medida em que vamos crescendo, percebemos que Noel não nos visita, que na verdade ele nem é uma cultura nossa, mas o adotamos, como bons colonizados que somos.
Percebemos que algumas pessoas são realmente más durante todo o ano, mas se reservam ao direito de uma vez no ano serem boazinhas e expurgarem sua maldade (no Natal), esvaziando-se para recomeçar em 2010.
Isso apenas para ilustrar algumas coisas que acontecem neste período natalino. Mas não sou pessimista, negativista, nem fico preso somente as coisas ruins da vida não.
Natal é tempo de avaliar(-se), é tempo de estar perto de quem amamos, na verdade, mais uma vez. Porque se de fato amamos, estamos sempre por perto, seja no Natal, no 7 de setembro, no 1 de maio, pessoalmente ou virtualmente. O importante é estar e ser presente.
Sem contar que estou me esforçando para ter o tão complicado encontro com uma pessoa muito importante: eu mesmo. Enfrentar algumas verdades, tomar algumas resoluções, analisar algumas atitudes, e iniciar o processo de mudança. Mas principalmente me esforçar diariamente para ser alguém melhor em 2010. Começando hoje, é claro.
Falando em presentes, algo inevitável neste época, eu me recordo do último texto que trabalhei em sala de aula com os meus alunos. Narrava um amigo secreto entre um grupo de amigos. Título do texto: O amigo secreto. (kkkk). O texto falava da brincadeira em si, da troca de presentes até chegar num garoto chamado Bruno. Este teve uma despesa extra em sua família no fim de ano (a geladeira da casa queimou) e ele não teve dinheiro para comprar um presente para o amigo Rafa. O pai manda que ele use a criatividade, e foi o que fez. Na hora da brincadeira, ele retira da mochila um pacote e entrega ao amigo. Ao abrir, o amigo identifica um porta-retratos com uma foto de ambos quando tinham seis anos. E fica emocionado com o presente.
Quiz mostrar aos meus alunos que no Natal presentes válidos não são somente os mais caros. Mas principalmente os do coração.
Neste Natal, antecipadamente, eu ganhei um grande presente. Presente conquistado durante todo ano, e que agora eu tenho certeza que é "meu".
Falo da amizade de cada um que lê este blog, que comenta, que faz parte não somente deste ambiente, mas que tenho o prazer de estreitar os laços através do MSN, ou de emails. Fico imensamente feliz por ter conhecido pessoas maravilhosas como o Dand, o Dil, o Mauri, o Sam, Jay e Alê, Arthur Alter, Edilson, Leandro K, Gusta Fernandes, Renato Fierce, Fabiano(LicoSP), André Mans,Voy, Louis Albert, o Drico, Athyla Goyaz. Outros já fazem parte da minha vida de blogayro já a algum tempo como o Foxx, o Mike, o Théo (do Identidades), o Théo (de As cartas de Théo),o Autor, o Mark (antigo Hensel) rs, Luan Lucas e Leonardo, Marcos Freitas.
Creio eu que lembrei de todos os que leio sempre, e que aparecem sempre no meu blog também. Vocês com certeza tornaram o meu ano mais vivo, e despertaram ainda mais a minha vontade de escrever. Que em 2010 todos nós possamos escrever mais, crescer ainda mais como seres humanos e demonstrar quem somos através de nossas palavras e devaneios. E mais: espero poder conhecer alguns em 2010, já que uma possível mudança pode estar chegando.
No mais, é isto. Desejo a todos um Natal repleto de realizações, e que acima de tudo, possamos ser mais amigos, possamos amar ainda mais, e tornar este mundo um pouco melhor. Amo cada um de vocês.
Forte abraço...

sábado, 19 de dezembro de 2009

Vamos falar de MÚSICA!!!

Ouvindo I Got You, Leona Lewis.

Bem, para falar de música, nada melhor do que colocar os fones de ouvido ou aumentar o som para a escrita fluir melhor! Certo? E foi o que eu fiz. Aderindo ao Flash Mob promovido pelo Ká Entre Nós, e pelo Furo LM com a temática: Vamos falar de música, resolvi escrever falando das músicas ou cantores que estão fazendo parte da minha vida neste fim de 2009, ou ainda que fizeram parte do meu ano.
Já comecei mostrando o que tenho ouvido: Leona Lewis, vencedora da terceira temporada do X Factor, essa inglesa que me encantou desde o seu primeiro CD, Spirit, com sucessos como Bleending Love e A Moment Like This agora lançou seu novo CD Echo, que é simplesmente maravilhoso! Caiu nas minhas graças e ouço com frequência. Destaque no CD para I Got You,
Can't Breath e Outta My Head.
Ando na verdade alternando ela e Mika. Vi algumas postagens neste finalzinho de ano falando dele. Curioso que sou, fui ouvir. E me apaixonei! As músicas deste libânes radicado em Londres são simplesmente contagiantes, impossível não se mexer ouvindo. As baladas também são gostosas de ouvir. Viciei e não paro de ouvir e agora tô louco atrás do DVD. Na verdade atrásde grana para comprá-los. (Acabei de conseguir o primeiro).
Falar em música, impossível não citar Madonna, que embalou o meu ano desde o início devido a sua vinda no finalzinho de 2008 ao Brasil para os shows da Sticky and Sweet Tour (eu fui, tá), e o lançamento da coletânea Celebration, comemorando os seus 25 anos de carreira. Mais fã fiquei.
Falando em ficar fã, impossível não admirar Beyoncé, depois de ouvir irmão e amiga falando nela o tempo todo. Resultado: me tornei MAIS fã. E agora, com o lançamento de seu último DVD I am...Yours, nossa...estou estupefato. Detalhe: já começo a esquentar as turbinas para os shows no Brasil, onde irei matar dois coelhos com uma cajadada só: irei ao show de Ivete Sangalo, que apesar de baiano, nunca fui (e ADORO a energia dela) e ao de Beyoncé, já que a baiana irá abrir o show da americana.
Seguindo essa sequência desorganizada de músicas, e cantores que fazem parte de minha vida, não posso em hipótese alguma esquecer ela: LADY GAGA! 2009 acho que foi o ano dela. A mulher simplesmente arrasou por onde passou, sempre irreverente, sempre chocando e arrebanhando milhões de fãs pelo mundo a fora. Seu novo cd The Fame Monster não para de tocar aqui em meu PC. Mas, viciado sou em Paparazzi!
Mas, nem só de cantores internacionais vive este pobre. E falando dos cantores nacionais, não posso deixar de citar Maria Gadú, fantástica. Adorei a sua versão de Ne me quitt pas, ficou linda demais! Será sucesso em 2010! Mais ainda do que já foi em 2009. Ainda mais que a Globo resolveu adotar a moça! rsrsrs. Outra cantora que passei a amar e que a Globo também adotou foi Roberta Sá, que canta samba, um estilo que não ouço muito, mas depois dela, ouço com prazer. Seu jeito doce, voz maravilhosa! O novo DVD, que só tenho o audio, ficou fantástico! Quem não conhece vale muito a pena conferir.
Enfim, minha vida é sim movida por música. E esses são alguns cantores e algumas músicas que tem embalado a minha vida nestes últimos dias. Os que lembro, claro. Porque se eu for listar tudo o que ouço....nossa, serão uns dois ou três post's.
E que venha a próxima postagem coletiva! Estarei participando!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Detesto chiclete.

Em posts anteriores tenho citado frases de uma escritora que eu adoro. Renata Belmonte nasceu em 13/03/1982, em Salvador. É advogada e contista. Estreou em 2002, com a publicação do seu primeiro conto, Em cima da estante de vidro, na revista eletrônica Blocos on Line. Desde então, acumula colaborações em suplementos e jornais literários como Iararana, Província da Bahia, Cronópios e Bestiário. Seu primeiro livro de contos, Femininamente (onde está este conto, Detesto chiclete), ganhou o Prêmio Braskem Cultura e Arte de 2003. Em 2006, publicou O que nao pode ser (onde está o conto que ela diz "Abandonar, ás vezes, é a melhor forma de preservar um amor"), livro vencedor do Projeto de Arte e Cultura Banco Capital.
Renata, que já tive a chance de encontrar duas vezes pessoalmente, abraçar, conversar, e ter os meus livros autografados, além de ótima escritora, é um amor de pessoa, e simplesmente linda, como podemos ver na foto ao lado.
Abaixo, coloquei um dos contos da autora. Gosto dele em especial. Além de ter trechos de músicas que adoro, seu final faz uma alusão ao Natal, então achei super adquado para o momento e eu espero sinceramente que vocês, meus leitores de gosto refinado, apreciem o conto. Me perdoem pelo post ter ficado tão grande, mas creio que valha a pena ler até o fim. Não esquecendo do comentário depois, dizendo o que acharam!

Detesto chiclete

"Detesto chiclete, o gosto acaba rápido e você ainda tem que ficar se preocupando em achar um lugar obscuro para depositá-lo", ele disse com tom de indignação. "Eu gosto de chiclete, porque sou grudenta e sinto prazer em ficar mastigando minhas relações", ela acrescentou, logo depois, num tom de quem recebeu uma indireta e não gostou. O chiclete é a apenas uma das metáforas. Ela sonhava com um sentimento profundo com eterno sabor de novo. Ele a considerava tola por não entender que toda paixão é efêmera por essência.
Paixão tem um problema. Acaba-se.
Qual o sentido, então, de até que a morte nos separe?
Quando foi que ele parou de sentir aquele frio no estômago? No segundo encontro ou no último ano? É muito difícil precisar o momento exato em que as coisas começam a desandar.
Final feliz, o que é isso? Para ela, seriam pequenas viagens a lugares paradisíacos, beijos mentolados, olhos piscando, flores vermelhas, cartão de crédito dourado e dois eu te amo por segundo. ”Por favor, me faça voltar a ficar completamente apaixonada”, ela disse baixinho, quase murmurando. ”Depois a gente conversa, estou morrendo de sono”.
Virou-se para o lado e ela se arrependeu de ter pretendido discutir a relação às três da madrugada.
Sentada na poltrona de estofado azul, ela tremia. O termômetro de rua apontava vinte e cinco graus. Será que ouviria ainda um “eu também”? Por causada da dúvida, tinha febre de trinta e nove. Sempre foi chegada a um drama. Livro de cabeceira :A insustentável leveza do ser. Filme predileto :E o Vento Levou. Quem consegue esquecer do primeiro beijo de Scarlett O´Hara e Rhett? Ele adorava trocar seu cd de Celine Dion pelo dos Raimundos. Ela não se incomodava, achava legal quando ele a chamava de Mulher de Fases. A aeromoça pediu que apertasse seu cinto. Para que segurança, numa situação como aquela? Pouco lhe importava os olhares curiosos dos outros passageiros. Será que eles nunca tinham visto ninguém soluçar? Para nada ia servir aquela água com açúcar. Olhou pela janelinha e descobriu que as nuvens não eram feitas de algodão doce.
Era sagitariana. Antes de ir embora, escreveu no espelho do banheiro dele, um “Eu te amo” vermelho de batom. Ele sorriu, tirou uma folha do bloquinho, movimentou a caneta e lhe disse para só abrir o envelope, no avião. Letras feias de imprensa formavam ADEUS. A primeira lágrima de seus olhos caiu e borrou o S.
Como estava o sexo? Muito bem, obrigado. Tirando às vezes em que ele não estava afim, ela nada tinha do que reclamar. Orgasmo é uma coisa espiritual. Fazia Yoga há três meses.
Não que tivesse absoluta certeza de que era o final. Esse ADEUS seria a forma abrasileirada e sutil do famoso THE END, que aparecia no fim dos filmes? Andavam discutindo, mas não esperava que fosse terminar assim. Qual seria o verdadeiro motivo? O telefonema desaforado, o tubo de pasta que apertou demais ou a discussão pelo cobertor?
Nenhum dos três. Era uma conspiração astrológica. No seu mapa astral, Vênus não passava em Virgem e era por isso que jamais dariam certo. Ele gostava de deixar claro, que não concordava com essas babaquices astrológicas que ela insistia em acreditar. Para ele, racionalizar demais sobre o amor era o mesmo que beijo na boca sem língua, namoro sem paixão e música sem ritmo. Quantas trilhas sonoras um casal pode ter? “You’re just to good to be true, can’t take my eyes off of you”. Esta foi a primeira. “I will survive”, seria a última?
Quando uma mulher não vive uma relação estável, o mundo todo a condena. Ela só queria um estilo de vida simpático, filhos, marido e cachorros numa mesma casa. Vestida em um longo branco e vaporoso, acordaria cheia de sorrisos para fazer o café. Nada disso mais aconteceria? A situação foi ficando clara. A mulher de vermelho devia ter ligado para ele, de novo. Seu sangue latino americano, certamente, ferveu de tesão e ele deve ter esquecido de tudo que viveram juntos. ”Pobre criatura”, pensou ela, quando visualizou a mulher de vermelho, acordando com o olho borrado de rímel e colocando whisky na mamadeira das crianças.
Um cara de verde perguntou se podia sentar ao seu lado. Ela ignorou a pergunta e abaixou o rosto. Ele já esperava não ser bem recebido e resolveu passar por cima da atitude da garota. Abriu a valise, tirou a flauta ,respirou fundo e começou a tocar a musiquinha do comercial de Natal do Bamerindus: ”Quero ver você não chorar, não olhar para trás e nem se arrepender do que faz, quero ver o amor nascer, quando a dor crescer você nem sentir e sorrir...”.
Ela levantou a cabeça, apoiou o queixo na mão esquerda e o fitou. Uma auréola dourada flutuava sobre sua cabeça. "Obrigada", disse oferecendo um gole de sua água com açúcar.
Ele sorriu e respondeu sem pestanejar: Aceita um chiclete?
Isto foi o fim do princípio. She will survive.
THE END

BELMONTE, Renata. Detesto chiclete. In: Femininamente. Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado, 2003

P.S. Quero agradecer ao Mauri Bonfill pela indicação ao Katana de Ouro, na categoria Melhor Post. O texto em questão (Antigos Escritos) não é um dos meus melhores, mas se ele o escolheu, só me resta agora agradecer e esperar que seja votado! Mas fico feliz pela indicação. Sinal que tenho leitores fiéis que se identificam com meu jeito louco de ser. Obrigado Mauri, obrigado a todos os leitores e especialmente aos que já votaram lá. Quem quiser passar, e dar uma conferida, acesse: A Katana de Bambu.

O AMOR ESTÁ NO AR!!!

Meus amados amigos, tenho visitado alguns blogs nestes últimos dias, aproveitando as férias que finalmente chegaram, e veio uma conclusão: O AMOR ESTÁ NO AR! Não sei o que desencadeou este surto de paixões, de declarações, só sei que vejo em boa parte dos blogs que acompanho manifestações de amor, alguns ainda nascendo, novinhos; outros já se solidificando. Mas todos igualmente intensos!
A amor tomou conta da blogosfera no Natal 2009! E pelo visto, vai adentrar(ui, sem querer levar para o outro lado da palavra) 2010!
Só sei que diante de tantas manifestações, na minha mente só veio esta música, que eu adoro, pelo ritmo envolvente, que dá vontade de sair dançando, que entra na veia!
Pena que não encontrei nenhum clipe decente para colocar, mas tudo bem. Lembro perfeitamente bem que ela foi abertura de uma novela global, que levou justamente o nome da música: O amor está no ar!
Enfim, fui contagiado! Mas, não estou dedicando meu amor a ninguém em especial. Apenas a vida, aqueles que fazem parte dela, a tudo o que tenho. Principalmente, a quem me deu tudo isto!
E então, a todos vocês, meus amigos, leitores, que fazem parte da minha vida e que me emocionam com tantas manifestações de amor em cada um de seus blogs, dedico esta música e espero que gostem! Forte abraço em cada um de vocês!

Love Is In The Air

O Amor Está No Ar

Love is in the air, everywhere I look aroundO amor está no ar,Em todo lugar que olho ao redor.
Love is in the air, every sight and every soundO amor está no ar,[Em] cada visão e cada som.
And I don't know if I’m being foolish, don't know if I’m beingwiseE eu não sei se estou sendo tolo, Não sei se estou sendo sábio,
But is something that I must believe inMas [o amor] é algo em que devo acreditar.
And it's there when I look in your eyesE ele está lá, quando eu olho nos seus olhos.
Love is in the air, in the whisper of the treesO amor está no ar, No murmúrio das árvores.
Love is in the air, in the thunder of the seaO amor está no ar, No estrondo do mar.
And I don't know if I’m just dreaming, don't know if I feelsaneE eu não sei se estou apenas sonhando, Não sei se me sinto são.
But it's something that I must believe inMas [o amor] é algo em que devo acreditar.
And it's there when you call out my nameE ele está lá, quando você chama meu nome.
Love is in the air, love is in the air, oh ohO amor está no ar, o amor está no ar...
Love is in the air, in the rising of the sunO amor está no ar, No nascer do sol.
Love is in the air, when the day is nearly doneO amor está no ar, Quando o dia está quase terminado.
And I don't know if you are illusion, don't know if see it trueE eu não sei se você é uma ilusão, Não sei se eu percebo isso de verdade.
But you're something that I must believe inMas você é algo em que devo acreditar,
And you're there when I reach out for youE você está lá quando eu te procuro.
Love is in the air, everywhere I look aroundO amor está no ar,Em todo lugar que olho ao redor.
Love is in the air, every sight and every soundO amor está no ar, [Em] cada visão e cada som.
And I don't know if I’m being foolish, don't know if I’m beingwiseE eu não sei se estou sendo tolo, Não sei se estou sendo sábio...
But it's something that I must believe inMas [o amor] é algo em que devo acreditar,
And it's there when I look in your eyesE ele está lá, quando eu olho nos seus olhos.
Love is in the air, love is in the air, oh ohO amor está no ar, o amor está no ar...
Love is in the air, love is in the air, oh ohO amor está no ar, o amor está no ar...
Love is in the air, love is in the air, oh ohO amor está no ar, o amor está no ar...
Love is in the air, love is in the air, oh ohO amor está no ar, o amor está no ar...


domingo, 13 de dezembro de 2009

Quem espera sempre alcança?


Faltam quase 15 dias para o término de 2009. É chegada a hora das restrospectivas, avaliações de final de ano, promessas para o ano novo (que raramente são cumpridas), amigos secretos (alguns nem tão secretos assim), viagens, rever a família, presentes, peru, etc.
Tenho visto em alguns blogs alguns amores nascendo através da escrita, outros falando de sua solidão e do desejo de encontrar um novo amor. Alguns felizes com antigos amores...
Recordei-me lendo o post de um dos amigos daqui do blog de uma frase que já citei inúmeras vezes em outros post's, mas é que gosto tanto dela, e do que a sua autora escreve... que acho que vale a pena citar mais uma vez: Há sempre o dia de amar, mas vésperas não são possíveis.*
2009 está acabando e mais uma vez, acabei o ano sem encontrar o amor. O amor possível, correspondido, construido.
Esperei sim por ele durante todo o ano. Mas ele não veio e fiz valer a frase de Gabriel García Marquez, em seu livro Memórias de minhas putas tristes: "O sexo é o consolo que a gente tem quando o amor não nos alcança."
Mesmo sem a presença de uma pessoa especial do meu lado, me amando, e sendo amado de volta, o ano em si foi bom. Agora graduado, sobrevivi a experiência de ser professor, consegui milagres na vida familiar que jamais esperaria conseguir.
Vida familiar, profissional, social, tudo foi tranquilo no ano que está terminando. Mas no amor, o ano de 2009 não foi legal. Assim como em 2008, 2007, 2006...
Ainda ontem, numa boate, vi o cara com quem tentei me envolver há uns dois meses atrás. E que não deu certo, por vários fatores. Ele e o novo namorado, em clima de paixão tórrida.
Vi, mas com classe fingi não ter visto e dancei a noite toda. Hoje, no MSN, ele disse que me viu, mas não falou comigo para não interromper a minha animação. Disse que também o vi, mas achei melhor deixá-lo curtir a festa com o namorado. Ele achou que eu não o tinha visto, pois não direcionei o olhar para ele uma vez ao menos. E logo depois ele colocou no orkut: "...celebremos com alegria esse dia feliz pelo simples fato da felicidade existir... estar com vc me inspira a alma... feliz!!!"
Então me questionei: não sei fazer alguém feliz? Estaria o problema em mim?
Este período sozinho, já no fim do ano, para mim está servindo para fazer uma auto-análise profunda da minha forma de ver a vida, de tratar as pessoas, e principalmente, localizar onde está a minha alegria de viver. Estar só, mesmo sendo doloroso, é bom para estimular o amor-próprio, cuidar melhor e estar mais próximo daqueles que amamos.
Ando cansado de ano após ano renovar esta esperança de que poderei enfim viver um grande amor, conhecer alguém realmente especial, e aprender a conviver com este alguém. Apesar do cansaço, sei que lá fundo continuarei a esperar a pessoa que irá me fazer "tremer nas bases". Enquanto isso... vou terminando o ano novamente sozinho.
Abraços meus queridos leitores.
AH, e logo abaixo coloquei uma música do Mika, que descobri pelos blogueiros LicoSP e Mike, e que adorei! Essa música está mexendo demais comigo...desde que a ouvi.


* A frase é da autora Renata Belmonte, retirada do conto O tempo das coisas, presente no livro Outras Moradas.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Brasil, mostra tua cara!

Nos últimos dias eu tenho sentido um ódio de ver televisão, principalmente os telejornais, e ter que acompanhar dia após dia, mais uma vez, o escândalo do mensalão em Brasília.
Gente, como é que me orgulho de viver num país onde os governantes roubam descaradamente, e ainda fazem uma oração pedindo a Deus perdão, porque são falhos, mas tem certeza que serão lavados no sangue do Cordeiro? Merecia acontecer neste momento o que aconteceu na passagem bíblica de Sodoma e Gomorra: chover fogo do céu e todo mundo virar estátua de sal.
Fico enojado de ver tamanha cara de pau, e sinto o ódio correr nas minhas veias quando vejo um Arruda qualquer convocar a imprensa para fazer suas declarações e exigir que pergunta nenhuma s
eja feita, só ele fala, só ele conta suas mentiras e ninguém tem o direito de fazer pergunta alguma.
Pior: ninguém tem o direito de sair ás ruas para manifestar a sua indignação e fazer valer o seu direito de cidadão e eleitor para pedir que um FDP daqueles saia do governo, porque ele manda a cavalaria ir contra os manifestantes. Vendo tais imagens, me senti na época da ditadura militar, que acabou justamente quando nasci.
É corrupção de tudo quanto é lado: políticos, policiais, comerciantes, etc, etc, etc. Onde vamos parar? O que temos de comemorar nas Olimpíadas de 2016? E na Copa do Mundo de 2014?
Sabe o que vamos comemorar? Mais escândalos, mais desvios de verba, corrupção, que com certeza vai acontecer, visto que estes eventos movem muito, muito dinheiro. E nisso sem falar na exploração do petróleo no pré-sal, que tá chegando aí. E já tem muita gente de olho nas "rúpias", como diriam os indianos.
Enquanto isso, a violência domina o país, os morros, as vielas, os grandes centros, os bairros nobres. Uma pergunta: temos um exército nacional que é treinado, armado e fica nos quartéis deste país limpando os coturnos, e zelando pelo bom funcionamento da instituição, a espera de uma 3ª Guerra Mundial ou fazendo missões de paz em países vizinhos , enquanto fora dos muros militares, a guerra urbana assola as cidades do nosso país. Porque não colocar o Exército na rua? Na Favela? Nas fronteiras? Porque não utilizar essa mão-de-obra que acaba se tornando inútil, uma vez que esta à espera de algo que está acontecendo debaixo do próprio nariz?
No meio da balbúrdia toda, o nosso amado presidente (eu votei nele, admito, mas tem horas que o sujeito fala cada merda, que chega a adoecer o eleitor), diz que "as imagens não falam por si". Ótimo não? A polícia federal criou horas e horas de imagens contra o santo do governador Arruda e seus secretários, para tirá-lo do governo. Ele não fez nada daquilo, ele não desviou dinheiro não, realmente foi verba para comprar panetone.
Esse panetone deve ser feito com os melhores ingredientes e recheado com chocolate vindo diretamente da Suiça, feito com o leite das vacas que habitam aquele país.
Eu estou indignado, enojado, possuído de tanto ódio de tudo isso que tem passado na TV, de toda essa sujeira, essa vergonha. E sei que não é algo que acontece exclusivamente em Brasília. Vemos ali somente a pontinha ínfima do iceberg.
E isso me faz acreditar que infelizmente, o Brasil sempre será um país subdesenvolvido. Principalmente se o povo brasileiro continuar apático como está, vivendo como na época da Antiga Roma: pão e circo para o povo. Vamos continuar com o Bolsa Família, Bolsa Alimentação, bolsas, bolsas e bolsas, e trazer a Copa para o Brasil, as Olimpíadas, o carnaval, o São João, e o povo vai esquecer de tudo isso.
Sim, o povo esquece, até o bolso começar a doer.
Desculpem o desabafo, mas precisava colocar pra fora. Abraços meus queridos.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Carta do além.


"Cuide bem do seu amor, seja quem for". Paralamas do Sucesso

Engraçado. Sempre que estamos dispostos a mudar, a seguir em frente esquecendo antigas histórias que nos machucaram e deixaram algumas marcas ruins, os "fantasmas" costumam surgir do além para nos atormentar. Isso sempre acontece quando encontramos um novo amor. Parece o período propício para aquele ex, que há muito você não vê, aparecer querendo lhe encontrar, querendo sair, conversar, ou então aquele contato do MSN que sempre fez um joguinho duro e resolveu amolecer justo agora, quando você está conhecendo um carinha tão legal.
No meu caso, isso não está acontecendo. Continuo Sozinho, e estou traçando meus planos para o ano vindouro, preparando viagem, talvez uma mudança de cidade, de estado. Há alguns meses atrás, para ser mais exato, em setembro, prometi escrever sobre o término de um relacionamento meu que durou 4 meses. Desses quatro, dois eu vi o suposto namorado com certa frequência, e os outros dois foi de total ausência corporal. Isso porque o fulano não mora aqui na minha cidade. O tal do "namoro" era apenas por telefone e ás vezes, MSN. No fim destes 4 meses, já considerava a relação mais que fria, "glacial" seria a palavra ideal, e terminei. Ele disse que a relação não estava fria, que o que ele sentia por mim continuava igual. Mal tivemos tempo de nos conhecer direito por causa da distância, passamos dois meses sem nos ver, mal nos falando por telefone, e ele disse que nada mudou pra ele, que tudo estava igual... Sujeitinho forte, hein?
Enfim, havia emprestado alguns DVD's a ele e pedi que me mandasse pelo Correio, porque são parte de um seriado que tenho. Isso aconteceu em outubro e ele me disse que havia mandado os DVD's mais uma carta, que era pra ler e dar uma resposta a ele.
1 mês se passou e a carta, que é registrada não chegou. Dois meses se passaram, e ontem, chegando do trabalho fui procurar saber se algo havia chegado pra mim, pois estou esperando uma encomenda via Sedex. Me informaram que havia chegado sim, e quando me entregaram, fiquei surpreso: era o bendito envelope, com os meus DVD's e a cartinha dele.
Na verdade, creio que vocês imaginam o que há na carta: declaração de amor, que me quer, que só agora percebeu que me ama de verdade e quer ficar comigo, que não acredita que eu não sinta mais nada por ele e que eu deveria dar uma chance a ele, ao nosso namoro a distância. Justo agora, que estou cheio de planos para o futuro e neles eu não incluí ninguém?
Nessas horas acredito em destino. Porque uma carta registrada demoraria 2 meses para chegar, sendo que ele mora a duas horas daqui da cidade onde moro? Parece até que a carta percorreu o Brasil antes de cehgar até mim.Se ela tivesse chegado antes, teria eu resistido, mudaria meus planos para ficar com ele? Daria uma outra chance?
São perguntas que não serão respondidas porque os planos já traçados infelizmente não podem mais voltar atrás e é o que eu realmente quero. São perguntas que devem ficar no passado, onde a tal carta também irá ficar, porque nem a resposta a ele pretendo dar, uma vez que ele também acha que ela não chegou até mim.
Com isso, fica a lição: cuidado! Se você tem alguém que gosta muito, cuide, ame, não dê motivos para esta pessoa ir embora e depois você se arrepender e ir correndo atrás. Pode ser tarde demais.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Antigos Escritos

Comecei a "futucar" as minhas antigas agendas, em busca dos meus antigos escritos, da época de adolescente. Apesar do título, não tem tanto tempo assim que estive nessa fase, e confesso que ainda trago resquíscios profundos dela. Teve um momento de minha vida que parece que eu simplesmente enxergava o mundo através de poesias. São várias, de Mário Quintana, Fernando Pessoa, Cecília Meireles, algumas de autores desconhecidos, mas todas, sem exceção, falavam de mim, do momento que eu vivia, e algumas ainda hoje fazem sentido pra mim. Acho que de tanto ler essas poesias, me deixei influenciar e escrevi algumas coisas também.
Tem alguns textos meus que leio e me pergunto: Meu Deus, onde eu estava com a cabeça quando escrevi isso? Outros, ainda hoje, mostram muito de mim, da minha realidade, da minha vida.
Encontrei este, que lembro mais ou menos o porque de tê-lo escrito. Mas não acho necessário falar para não influenciar a interpretação dos outros. Então está aí.

Talvez

Arriscar-se a viver
A ver o que a vida coloca à tua frente
É duro e nem todos querem
Mas necessário para ir a frente
O mundo parece te engolir
E é você que o engole
Devora, digere, vomita!
Tua pele arde, transpira o teu desejo
E já não podes esconder
A tua alma, tua vida,
Teus olhos revelam os sentimentos.
"Eis o homem".
By J.M.

Talvez eu precise voltar a ler mais alguns poetas, e quem sabe apreender mais o mundo e as situações que me envolvem através de uma linguagem poética. Recordo que passei a escrever a assim com medo de que alguém pegasse minha agenda e lesse o que escrevi, descobrindo assim coisas íntimas minhas. Era como se a agenda funcionasse como um diário, onde colocava as minhas angús
tias, tristezas, pensamentos, alegrias. Por medo de que alguém viesse a invadir de tal forma a minha privacidade, comecei a escrever de forma subjetiva, para enganar ou no mínimo confundir quem fosse ler sem minha autorização. Coisas de adolescente...
Continuo garimpando pra ver se aparece algo que preste.
Enquanto isso, me divirto com os posts alheios.
Forte abraço em cada um que por aqui passar, e um ótimo fim de semana!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Ser professor.

Este ano eu fui para uma sala de aula pela primeira vez na posição de educador. Confessei anteriormente o meu medo em assumir a minha profissão, agora de direito. Muitos questionamentos, o medo de não conseguir controlar uma classe cheia de adolescentes, de ser um profissional medíocre, enfim, de ser tudo, menos professor.
O ano letivo está no fim e acabo de entrar na semana das avaliações finais, para aqueles alunos que não atingiram a média de pontos da escola durante as IV unidades em que é dividido o ano letivo. Das três turmas onde leciono, vi o alto índice de alunos em duas delas tentando só agora recuperar o que não conseguiram aprender durante todo ano. Falhei? A culpa foi minha? Deles? Do sistema?
Fazendo agora uma avaliação sobre minha posição de professor, vi que consegui superar os meus medos, consegui ser antes de mais nada amigo de meus alunos, mas soube manter o respeito e o controle da turma nos momentos necessários, soube identificar as dificuldades deles, mas agora me questiono se consegui ajudá-los a superar essas dificuldades? Cheguei a conclusão que não tenho muita paciência para sair da escola e ainda trazer trabalho para
casa. Não, não é isso o que quero, perder noites, horas, preparando aulas, atividades, trabalhos, avaliações. Trabalho é trabalho, descanso é descanso. Mas quem está em sala de aula, é inevitável não corrigir trabalhos, não procurar um texto que chame a atenção da turma, não pensar naqueles que não se comprometem com o estudos.
Apesar disso, é gratificante ver alguns alunos que começaram o ano letivo mal, e que cresceram maravilhosamente até o fim do ano.
Mas, também vi alunos que repetem uma mesma série já a 4, 5 anos. E que por mais incrível que pareça, mostram um conhecimento como se tivessem acabado de chegar naquela sala de aula. Presenciei alunos que mal
sabem escrever, na 5ª série do Ensino Fundamental II (o atual 6º ano), alguns que estão acostumados a ter um professor que pensem por eles e dêem a resposta pronta apenas para que copiem no caderno. Estive em contato com indivíduos sem perspectiva de futuro, sem planos, sem sonhos e que quando questionados sobre isso, apenas brincavam, riam. Espero sinceramente que alguma coisa que eu tenha dito em sala de aula, fora dos conteúdos de Língua Portuguesa ou até mesmo dentro dos conteúdos através de textos, músicas, artes, tenha servido para alertá-los do mundo em que vivemos, das dificuldades que passamos estudando, quanto mais sem estudar.
Aluno é criatura vaidosa! Quem não gosta de receber elogios vindos do seu professor? Percebi o efeito devastador que as palavras de um professor tem na vida de um aluno. Quando vi, na primeira avaliação, alunos tirarem notas baixas, estimulei, disse que poderiam sim melhorar, que bastava estudar, se esforçar, participar e essas notas com certeza iriam mudar. E mudou! E qual não foi a alegria destes em ver que tem potencial para conseguir superar suas dificuldades.
Acima questionei se o fato de alguns alunos não conseguirem aprender, mal escreverem estando em uma série avançada para o seu nível de conhecimento, se seria erro do professor, do sistema ou do próprio aluno? Infelizmente, alguns professores estão acostumados a simplesmente avaliar pela nota e não se preocupam com o nível de conhecimento oferecido aos seus alunos nem tampouco se estes estão de fato aprendendo ou não. Importa é chegar no fim do ano letivo e passar estes alunos para a próxima série. E o resultado é aluno repetente já a 5 anos num mesmo nível. Quem perde com isso? O aluno.
O professor precisa ter consciência da importância que tem na vida do aluno. Precisa saber que ele tem o poder de construir e de destruir na vida de uma pessoa. E que cabe a ele grande parte do possível sucesso desta pessoa no futuro.
No entanto, o
sistema educacional também é responsável por parte do sucesso deste aluno no futuro. Mas, de nada adianta o professor ser ótimo e o sistema de ensino também se não há no indivíduo o desejo de aprender, de ser melhor, de ser alguém no futuro, e obter o sucesso, alcançando o que sonhou no período escolar.
Cheguei no fim desta missão. E procurei cumprir o que foi me designado. No entanto, acho que esta não é a área que quero trabalhar, onde quero ficar por livre e espontânea vontade.
E infelizmente, sendo mais clichê do que tudo, a profissão apesar de bela, ainda é extremamente marginalizada, desvalorizada. Espero um dia poder ser professor, mas como hobbie, e por prazer, não para sobreviver. A experiência serviu, aprendi muito. Mas essa é a minha impressão no momento.
Abraços meus queridos leitores.