quarta-feira, 9 de julho de 2014

Medos

Dizem que nossos medos precisam ser verbalizados (neste caso, escrito) como forma de expurgar, de afastar o que é ruim e assim aprendermos a dominá-los, vencê-los, controlá-los.
Lembro que, quando era menor, sentia uma medo terrível de perder as pessoas que amo. Meus pais, meus avós, amigos, irmãos. Era um medo tão horrível, que me fazia chorar às vezes, mas acabava passando.
Nestas férias, eu pude sentir este medo novamente de forma palpável, e mesmo agora, dias depois o aperto que sinto no peito só de lembrar.
Já quase nos últimos dias de férias na Bahia, um acidente me tirou o ar, o chão, me fez tremer nas bases como nunca mais havia sentido. Minha mãe caiu em casa, sozinha e sofreu um corte na cabeça que levou 7 pontos. Meu irmão mais novo, de 17 anos, que a encontrou em casa, sozinha, em sua cama ensanguentada, ainda tonta mesmo a pancada tendo acontecido 1 ou 2 horas antes. O susto que ele levou só o fez ir atrás de mim, que desesperado e cego corri pra casa. Foi a corrida mais longa, os passos mais escuros e desesperados que já dei na vida para no fim ver aquela cena que até agora me deixa triste, confuso, com mais medo: a pessoa que mais amo na vida vulnerável, machucada, ferida, indefesa.
Bem, tomamos a providências que deveríamos tomar, passei a noite com ela no Hospital, pela manhã levamos para fazer uma tomografia e graças a Deus tudo está bem. Ela já retirou os pontos, e eu voltei pra SP quase 10 dias depois do acontecido.
Mas são esses momentos que me fazem questionar a minha vida, a minha relação com ela e com todos aqueles que amo, e dos quais estou longe. Fiquei confuso, pensando em voltar pra cá apenas para dar um fim nas coisas que conquistei e voltar pra Bahia pra ficar com ela. Minha mãe tem somente 51 anos, faz 52 mês que vem. Está forte, saudável, lúcida. Teimosa como só ela sabe ser.
Eu sei que, mesmo que eu deixe tudo aqui e retorne pra Bahia não estarei imune aos acidentes, eles acontecem esteja eu perto ou não. Mas que é doloroso sair e voltar para minha vida aqui sabendo que estou longe dela, e que pode acontecer de novo. Graças a Deus, as vezes em que coisas graves aconteceram eu estava lá ou livre para viajar pra lá. Mas pode ser que nem sempre seja assim...
Nesses momentos, tudo o que eu mais queria era alguém pra dar a direção, para me dizer o que fazer... Mas algumas decisões tenho que tomar e arcar com as consequências...
Me perdoem o desabafo, mas quem sabe assim não me sinto melhor...com menos medo.

Forte abraço!