Dizem que nossos medos precisam ser verbalizados (neste caso, escrito) como forma de expurgar, de afastar o que é ruim e assim aprendermos a dominá-los, vencê-los, controlá-los.
Lembro que, quando era menor, sentia uma medo terrível de perder as pessoas que amo. Meus pais, meus avós, amigos, irmãos. Era um medo tão horrível, que me fazia chorar às vezes, mas acabava passando.
Nestas férias, eu pude sentir este medo novamente de forma palpável, e mesmo agora, dias depois o aperto que sinto no peito só de lembrar.
Já quase nos últimos dias de férias na Bahia, um acidente me tirou o ar, o chão, me fez tremer nas bases como nunca mais havia sentido. Minha mãe caiu em casa, sozinha e sofreu um corte na cabeça que levou 7 pontos. Meu irmão mais novo, de 17 anos, que a encontrou em casa, sozinha, em sua cama ensanguentada, ainda tonta mesmo a pancada tendo acontecido 1 ou 2 horas antes. O susto que ele levou só o fez ir atrás de mim, que desesperado e cego corri pra casa. Foi a corrida mais longa, os passos mais escuros e desesperados que já dei na vida para no fim ver aquela cena que até agora me deixa triste, confuso, com mais medo: a pessoa que mais amo na vida vulnerável, machucada, ferida, indefesa.
Bem, tomamos a providências que deveríamos tomar, passei a noite com ela no Hospital, pela manhã levamos para fazer uma tomografia e graças a Deus tudo está bem. Ela já retirou os pontos, e eu voltei pra SP quase 10 dias depois do acontecido.
Mas são esses momentos que me fazem questionar a minha vida, a minha relação com ela e com todos aqueles que amo, e dos quais estou longe. Fiquei confuso, pensando em voltar pra cá apenas para dar um fim nas coisas que conquistei e voltar pra Bahia pra ficar com ela. Minha mãe tem somente 51 anos, faz 52 mês que vem. Está forte, saudável, lúcida. Teimosa como só ela sabe ser.
Eu sei que, mesmo que eu deixe tudo aqui e retorne pra Bahia não estarei imune aos acidentes, eles acontecem esteja eu perto ou não. Mas que é doloroso sair e voltar para minha vida aqui sabendo que estou longe dela, e que pode acontecer de novo. Graças a Deus, as vezes em que coisas graves aconteceram eu estava lá ou livre para viajar pra lá. Mas pode ser que nem sempre seja assim...
Nesses momentos, tudo o que eu mais queria era alguém pra dar a direção, para me dizer o que fazer... Mas algumas decisões tenho que tomar e arcar com as consequências...
Me perdoem o desabafo, mas quem sabe assim não me sinto melhor...com menos medo.
Forte abraço!
O medo deve ser dosado, caso contrário ele se tornará uma doença psíquica. Eu mesmo temo a perda de entes queridos, embora busco evitar pensar no pior...
ResponderExcluirEstar perto da família é uma dádiva, mas infelizmente nem sempre isto é possível, afinal às vezes, o destino nos reserva boas oportunidades longe de tal lugar.
Espero que sua mãe esteja melhor, e reflita certinho se realmente vale apena abandonar tudo em SP. Acredito que esta conclusão poderá levar algum tempo de reflexão.
Abraços!
Obrigado pelas palavras Ro! Voltei, estou seguindo com a vida e rezando pra que tudo dê certo daqui pra frente. Um abraço.
ExcluirDeve ser assustador mesmo.
ResponderExcluirNão sei como eu reagiria, não tenho o mesmo tipo de relação com meus pais,
mas são meus pais, não sei se eu agiria com frieza ou se me desesperaria, não sei mesmo.
Foxx, a princípio me desespero mas sou forçado a ser frio depois para dar andamento a tudo o que precisa ser feito. Não é fácil, mas é a vida. Precisa ser vivida independente desses percalços, não é mesmo? Abração.
ExcluirVerdade, Jeff, pura verdade
ExcluirIsso é mesmo bem complicado ! Moro numa cidade vizinha da cidade dos meus pais, e mesmo assim as vezes passo por algumas, bom é que como vc, tenho um irmão perto deles, mas é complicado mesmo.
ResponderExcluirSempre tenho uma sensação parecida com a sua nos Natais, olho pra eles e me dou conta de que estão ficando velhinhos, realmente assusta, mas a gente sabe que não pode parar o tempo ...
Mas vc tem razão, estar perto pode não adiantar de muita coisa ...
Reflita bastante antes de tomar alguma decisão ! Tomara que vc esteja melhor e sua mãe também !
Abraço !
Marcos, meu querido. Eu estou bem sim e ela também. A preocupação sempre existirá, eu só preciso aprender a lidar com ela. O que não é fácil, não é mesmo?
ExcluirMas, é vida que segue e vamos ver no que vai dar não é? Um abraço!
Eu imagino o susto que vc passou! ainda bem que está tudo em ordem!
ResponderExcluirAcho que este sentimento é universal, com rarissimas exceções estaremos preparados para estas perdas, por mais zen-budistas-kardecistas-espiritualistas que sejamos. E posso te garantir, a tua mãe sente o mesmo medo de perder você!
Não sei se é sentimento de posse, ou nossa fantasia de controle, mas esta coisas que nos dá medo de perder pode nos ajudar a aproveitar melhor as pessoas... gostei muito do que escreveu e tb esotu me preparando para estas cosias, minha mae fez 70 este anos...abraços J.M.
Obrigado pelo seu comentário querido. É verdade, não sabemos como lidar com a iminente perda das pessoas que amamos. Sabemos que mais cedo ou mais tarde, eles não estarão mais aqui. Mas e quem disse que a gente aceita isso? Nunca! Forte abraço.
ExcluirNossa! Ainda bem que tá tudo bem com ela. Não se culpe pela distância, não vale a pena, temos que viver nossas vidas e nossos pais as deles. E a preocupação com a morte é sempre um constante, mas tem que ser o tipo de medo que move e não paralisa. Espero que já esteja melhor, e acho muito bacana tu compartilhar isso no blog. Abraço!
ResponderExcluirEu acho que sempre sabemos o que dizer quando é com o vizinho, mas quando é com a gente... putz..
ResponderExcluirQue bom que está tudo bem! Quanto a ficar ou não do lado dos pais cada um deve fazer esta escolha do modo mais adequado, viver muito longe é ruim, afinal, família é tudo, mas acredito que seja temporal. É até nós conseguirmos conciliar tudo depois, isso pode levar tempo, mas acredito que nossos pais querem isso para nós também.
ResponderExcluirAbraço!
Ter medo é uma das coisas que nos torne humanos. Claro que não podemos sucumbir a ele, né? Espero que fique tudo bem, queridão! Fooooooorça na peruca sempre! Hugzão!
ResponderExcluirFred, obrigado! Graças a Deus está tudo bem agora. Mas o medo de perder quem amo permanece...Abração.
ExcluirMas a gente nunca quer perder quem ama, nzé? O "pulo do gato" é aproveitar ao máximo o tempo que temos junto com as pessoas hoje! Funciona! ;) Hugzões!
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