terça-feira, 15 de outubro de 2013

Eu, Professor.

Dia do Professor. 15 de Outubro.
Há 8, 9 anos atrás eu estava ansioso por começar o curso no qual fui aprovado em uma Universisdade da Bahia: Letras Vernáculas. Sim, no papel eu sou PROFESSOR  de Língua Portuguesa.
Ainda lembro quando minha mãe, professora há anos (antes mesmo de eu nascer), me questionou sobre qual o curso eu havia escolhido para fazer o vestibular e eu respondi: Letras. Ela fez aquela cara, e perguntou porque? Respondi que era mais por meu amor pela Literatura, e por não haver nenhum outro curso que me interessasse. Ela não tentou me fazer mudar de ideia. Me apoiou.
E eu fiz o curso, adorei as amizades (irmandades) que fiz nos 4 anos, adorei as aulas de Literatura, os professores maravilhosos que conheci, os eventos e temi (sim, esta é a palavra, TEMI) a sala de aula até o último momento. Já no sexto semestre quase desisti do curso, cheguei a dizer isso pra família, amigos que não me deixaram abandonar a estrada já na reta final. Encontrei uma professora fantástica que me ajudou a passar pelo terror que era pra mim ser estagiário numa sala de aula.
Já no último ano do curso, surgiu a oportunidade de ministrar aulas de Língua Portuguesa na cidadezinha onde fui criado, no interior da Bahia. Disse não inúmeras vezes ao convite, até que por fim, aceitei. Falei algumas vezes sobre isso aqui no Blog como neste post e neste aqui. Vale a pena ler, eu escrevia bem pra caramba! rs.
Toda a experiência nesta vida é válida, e ser professor no ano de 2009, numa cidade do interior, para alunos de uma escola municipal, alguns da zona rural e ter em minhas mãos o poder de marcar a vida daqueles adolescentes para sempre foi algo maravilhoso. Foi bom ver a superação, a atenção, o carinho, a rebeldia típica da adolescência, os sonhos de cada um. Mas quando o ano letivo acabou e logo depois eu me mudei para São Paulo, não tinha tanta certeza se era isso o que eu queria da minha vida: sair da escola e levar trabalhos pra casa, um mundo de papel e trabalhos e exercícios e provas e redações para corrigir. Atribuir notas a alunos que traziam o conhecimento internalizado, mas na hora de escrever, demonstravam uma dificuldade tremenda que me comovia...
E tinha mais dúvidas ainda por ter sido professor no interior da Bahia, onde os alunos ainda conservavam um pouquinho da inocência típica do interior e ainda respeitavam muito a figura do professor. Eu sabia que estava me mudando para uma cidade grande, e que as chances de encarar os adolescentes daqui eram quase nulas, por MEDO mesmo. Confesso.
Porém, tenho tias, mãe, amigas que continuaram no caminho do ensino, e amam o que fazem. Eu achei que tinha a veia professoral, mas acho que me enganei. Eles deram continuidade aos estudos, Pós, Mestrado e até Doutorado e amam a sala de aula, a troca de experiências e energias e tem muito o que contar. Uma pena vivermos num país tão desigual, onde essa profissão tão linda é tão pouco valorizada.
Este post é uma forma de dizer meu muito obrigado aos meus professores, meu MUITÍSSIMO obrigado aos meus antigos alunos, que ainda hoje quando me encontram na Bahia pedem pra que eu volte a dar aulas...E meus sinceros PARABÉNS a todos os profissionais que escolheram, abraçaram a profissão e tentam do seu jeito fazer o ensino brasileiro melhor, com o que tem em mãos.

6 comentários:

  1. Nossa, estou enfrentando essa dúvida cruel: encarar ou não a sala de aula, será que tenho força o bastante pra isso? Mas, por outro lado foi a profissão que sempre sonhei desde criança, e acabei escolhendo Letras por puro amor a literatura tbm!!! Belo texto, Abraço!

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  2. ah, ser professor é realmente algo que passa no sangue, eu dizia que tomei giz na mamadeira e fiquei viciado...

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  3. Ah... eu como bom filho de mãe professora sei bem das "dores e delícias" desse nobre ofício!!! Excelente texto! E participa sim da Gincana, guri! Vou adorar! Hugzão!

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    1. Não participei Fred, mas falando sobre o post...são as dores e delícias mesmo! E filho de professora sofre hein...a cobrança não é pouca. rs. Abração, querido.

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  4. Nem sabia que vc tinha esta formação.
    Parabéns....
    Depois de formado em Administração, vivo o dilema de largar tudo e iniciar no curso de letras..., esta minha indecisão está me tirando o sono, afinal temos que fazer o que gosta, mas estudar 04 anos novamente é um saco.
    Abraços!

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    1. Rô, verdade. Eu queria fazer outra graduação em Jornalismo ou Comunicação Social. Mas e a coragem? Letras é uma faculdade gostosa de fazer. A questão é o mercado de trabalho depois...se você quiser ser professor, ótimo. Abração e volte mais vezes.

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