"Acho que as melhores pessoas não são as incrivelmente lindas". Lucas Torquette.
Este post começa com uma frase de um amigo que eu adoro, que também é escritor de um dos blogs que tenho como preferido. Partilhava com ele algo que me aconteceu na noite de hoje. Durante a semana, encontrei virtualmente um rapaz da empresa que trabalho, e entrei em contato com ele, consegui seu msn e depois disso conversamos na empresa. Nada demais. Um rapaz bonito, simpático. Gostei dele desde que o vi. Ainda nessa semana, minha amiga que mora comigo mandou uma mensagem SMS pra mim falando que conheceu um garoto na empresa dela e que falou de mim pra ele. Na mensagem ela mandava o número do garoto e seu orkut.
O dito garoto que minha amiga conheceu mandou seu msn pra mim via orkut. Adicionei e começamos um papo...nada demais. Cumprimentos, questionamentos sobre seu estado de espírito no momento...e o garoto começou a emudecer. Demorava para responder...depois alegou estar no telefone. Por fim, quando retornou, me pediu desculpas e disse que tinha acabado de voltar com o ex-namorado. Que haviam brigado, mas que fizeram as pazes. Só que "eu nasci, a 25 anos atrás", parafraseando Raul Seixas, meu conterrâneo.
Joguei logo a merda no ventilador: assumi uma posição confiante, e falei com ele que poderia se abrir, sem problema. Que eu sabia que ele não havia gostado de mim fisicamente. Ou seja, não havia me achado bonito. Lancei essa frase pra ele porque o cara do nada me veio com essa história de ex, e a forma como falava dava a entender que estava encerrando a conversa, que não queria mais papo. Por fim, ele confessou que mentiu, não havia namorado algum e que eu não era "bom, bom, mas tava bom" (ou seja, se não tiver nada melhor, eu até posso servir?) Exatamente assim. Depois disse que não gostou, e pediu desculpas.
Aproveitei a deixa, e questionei o outro carinha, que também estava no MSN. O da empresa. Ele disse que não rolava entre a gente. Antes que vocês meus leitores pensem que é paranóia minha, perguntei a ele também porque depois que me conheceu, o menino mal diz um boa noite no MSN. Quando diz...
A questão é: beleza é fundamental? Eu sei, existem pessoas e pessoas. E gosto não se discute. Há quem prefira os negros, há quem prefira os brancos, há quem goste dos peludos ou ainda dos lisinhos. Cada um tem tesão pelo que lhe apraz. Isso é fato.
No entanto, beleza é fundamental também para criar laços de amizade? Para conhecer uma pessoa melhor, ver o que ela tem de bom?
Percebo que neste ambiente onde vos escrevo, as amizades nascem baseadas no que o ser humano tem de melhor(segundo o meu modo de vista),
que são as palavras que habitam o seu corpo. Ver gente bonita é maravilhoso, claro. Se a pessoa for bonita por dentro e por fora poderíamos considerá-lo quase perfeito. Mas existem tantas pessoas que por fora não "damos um conto", mas quando esta pessoa abre a boca, é um ser simplesmente apaixonante. Onde ser "bonito" ou "feio" é um mero detalhe. A companhia da pessoa é algo inestimável.
Eu particularmente quero encontrar alguém que seja bonito por dentro, que me encante além do físico, porque um dia tudo vai cair, mas o que o ser humano tem dentro de si dificilmente cairá também. Vinícius de Moraes disse certa vez: "As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental". Eu discordo dele. Não acho que beleza seja fundamental. Beleza nas palavras, nos atos, no caráter é muito mais encantador que a beleza física, os músculos, o corpo sarado, o rosto milimetricamente perfeito. Eu não quero uma beleza física perfeita do meu lado. Dá muito mais trabalho do que uma pessoa encantadora interiormente. Aliás, beleza física é algo que nem se discute, uma vez que gosto varia. Mas acho que uma chance a amizade, independente de beleza, mas principalmente pelo que a pessoa é, deveria ser algo intrínseco, inerente a todo ser humano. No entanto existem as "amizades" por interesse, dos mais variados. As minhas são baseadas nas belezas interiores, nas palavras, no que cada um tem de melhor dentro de si e que me faz respeitar o que ele tem de "pior".
Para finalizar, coloco aqui um trecho de um livro de Rubem Alves em que ele fala sobre Política, mas o trecho é tão maravilhoso, que nem parece falar de assunto tão...tão...não tenho palavras.
"...está dito lá nos textos sagrados que no início de todas as coisas está o Verbo, e que o nosso corpo é nada menos que um Poema que se fez carne. Somos as palavras que moram dentro de nós. E a gente ama aquela pessoa que tem o poder de acordar as palavras bonitas, desaprendidas, como na estória da Bela Adormecida, e que moram nalgum canto escuro, esquecido, do nosso corpo... Bem que diz a Adélia Prado que 'erótica é a alma'. Acreditem ou não: o corpo é uma carne possuída pelas palavras que moram nele. E não adianta o rosto ser bonito se as palavras que moram lá dentro são feias. Como aquela estória da princezinha enfeitiçada por uma bruxa má, tão linda por fora, bastava abrir a boca e falar, para dela saírem sapos e cobras. Não havia quem lhe fizesse companhia. Pode parecer estranho, mas é a verdade: a beleza mora é nas palavras".
Enfim, meus amigos. Esse é apenas mais um devanneio meu. Abraço especial em cada um de vocês. Ah, e antes de terminar, quero convidar a todos para visitarem a Bienal do Livro de São Paulo, que acontece neste mês de agosto. A data está no Selo Oficial que peguei no site da Bienal. Abração!