Há alguns meses (7 para ser exato) escrevi um post onde falava sobre a vinda de minha mãe pra São Paulo e sobre a minha vontade de me assumir gay pra ela. Não sei se havia necessidade disso, mas no meu íntimo sentia que precisava, que devia contar a ela minha orientação sexual que com certeza ela sempre soube.
Acredito que isso acontecia também devido ao fato de ter passado dias no hospital com meu pai, acreditando piamente que ele sairia de lá e ser surpreendido com a notícia do seu falecimento, onde fiquei com a sensação de perder alguém que amava e que parecia que eu não conhecia quase nada sobre a vida dele ou ele sobre a minha. Também por isso decidi me aproximar ainda mais da minha mãe.
Na ocasião relatada no post anterior, minha mãe acabou não vindo pra São Paulo em fins de maio, porque uma semana antes da viagem caiu e machucou o pé.
Então a viagem ficou em Stand by até agora, quando ela finalmente veio. Semana passada, dia 14 minha mãe chegou a São Paulo e eu consegui ainda tirar alguns dias no trabalho pra ficar em casa durante toda a sua estadia de 1 semana. Pode parecer pouco, mas aproveitamos bem.
Ela conheceu a Paulista, o Brás, a 25 de março, Bom Retiro, Ibirapuera, Aparecida, conheceu onde trabalho e quem trabalha comigo. Me diverti muito, dei muitas risadas e pude ter a minha mãe só pra mim, sem dividir com meus dois irmãos que ficaram na Bahia e confesso: a experiência foi ÓTIMA!
Porém, mesmo antes dela chegar me angustiava o contar a ela que sou gay. Antes disso, já dei inúmeras indicações de livros, de reportagens na TV falando sobre o homossexualismo e ela sempre reagiu bem. Leu o que pedi, assistiu também.
Nestes dias aqui em casa acompanhamos o drama do ex-casal gay da novela das 21hs, assim como as maldades do Félix (Matheus Solano), na Paulista vimos vários casais de namorados passeando de mãos dadas e não perdi a oportunidade de dizer o quando achava bonito, e como seria a reação das pessoas da minha cidade na Bahia ao ver uma cena de amor como esta. Fomos ao Museu da Língua Portuguesa onde está acontecendo uma exposição intitulada Cazuza Mostra Sua Cara, contando a vida deste poeta, músico, cantor que também era gay. Ela também conheceu a República, reduto gay de SP e fiz questão de mostrar e dizer isso a ela.
Enfim, o terreno estava mais que pronto, mas o medo de uma reação adversa me fez adiar essa conversa até hoje, quando fomos no Ibirapuera. Já no fim do passeio:
- Mãe, preciso conversar com a senhora.
- Então fala, que agora é o momento.
- O que a senhora ACHARIA se eu disser que sou gay? (nervosismo em alta, fiz a pergunta como uma suposição)
- Normal. Nada contra. (e tomou um gole de água).
- Mas a senhora não iria me recriminar, ficar com raiva de mim?
Minha alegria foi tamanha que dei um beijo nela, e um abraço hiper apertado, e falei que precisava dizer isso a ela pra viver em paz. E realmente, estou em paz. Analisei a forma de me tratar, se alguma coisa mudou depois do que disse, mas ela continuou a mesma, a minha Mãe. A pessoa que eu mais admiro e amo nesta Terra.
Amanhã ela volta pra Bahia e daqui a 1 mês eu tô indo passar o Natal e o Réveillon em casa. Mas este será um Natal diferente. Não ter porque temer, esconder, achar que ela está desconfiando, ou me recriminando por algo. Tudo isso invenção de minha cabeça. Minha mãe retorna e eu sei que tenho( ou que sempre tive) uma amiga, uma confidente, alguém que irá me amar sempre, apesar de qualquer coisa.
Hoje, eu estou em paz ( e feliz).
Abraços, meus queridos amigos leitores!
P.S. Estou profundamente irritado porque na hora da escrita, o texto aparece lindo, as palavras separadas bonitinhas. Depois que posto, aparecem separadas erradamente no texto e isso é inaceitável pra mim. Alguém me ajuda a resolver? Ou serei obrigado a mudar o modelo do blog?