segunda-feira, 11 de julho de 2011

Despedida.


Todos por aqui, que tiveram o trabalho (ou prazer) em ler minhas últimas postagens sabem que estou na Bahia, que tive de vir por que meu pai fez uma cirurgia e precisava da minha companhia.
Foram 30 dias de hospital, no meu caso, e pra ele 42 dias de internação. Tive momentos de irritação, de descontração, de medo, de amor pelo meu pai, compaixão pelo seu sofrimento, e vontade de dar uns tapas nele nos momentos de teimosia e chatice. Mas num resumo geral, os últimos 30 dias, eu estive do seu lado, acompanhando tudo o que ele estava vivendo.
Na madrugada da última sexta-feira, ele se foi. Pela manhã o hospital mandou me chamar e o médico me deu a notícia, ali sozinho. Afinal, nos seus últimos momentos de vida, no dia anterior, eu que o vi com vida, que conversei com ele, que dei água, que tentei ajeitar a posição na cama, que pedi que lutasse para que saísse logo daquela UTI, e ele disse que assim faria.
Meu pai se foi, de forma inesperada. Ele tinha tudo para sair dali e continuar vivendo. Mas não foi assim que aconteceu. Exatos 30 dias após a minha chegada, ele partiu.
E agora ainda estou perdido, sem acreditar que realmente aconteceu, que o enterrei, que o vi num caixão, que tudo isso de fato ocorreu.
A vida agora tenta seguir seu rumo normal. A saudade ainda vai ficar por muito, muito tempo. E agora vem as decisões que não sei se devo ou não tomar. Ficar em SP ou voltar para Bahia? Assumir a posição do meu pai na família ou deixar tudo como está?
Apesar de na Bahia ter meus amigos e família, não sei se conseguiria viver minha vida como vivo em SP. Enfim, são coisas que eu preciso pensar muito bem antes de decidir.
Por enquanto, ainda fico na Bahia alguns dias até resolver algumas coisas, mas até o final do mês eu volto pra SP.
Nos dias em que estive confinado em um hospital, aproveitei para refletir sobre minha vida, sobre o que tenho feito, o que quero fazer. Mas principalmente, pensei sobre a efemeridade da vida. Vivemos tão loucamente dia após dia, muita fritura, muita gordura, açúcar, correria, sem tempo para cuidar de si, alimentação fora de hora... A verdade é que um dia o corpo cobra tudo isso, e no fim podemos terminar como meu pai, preso a um hospital, tendo que levar várias agulhadas durante o dia, inúmeros exames, e perspectiva de ir para casa, nenhuma.
A verdade é que agora eu quero me cuidar mais, do meu bem estar, da minha qualidade de vida, para tentar evitar um futuro tão doloroso.
E no meu peito, permanece a saudade...
Abraço a todos.

2 comentários:

  1. Querido:

    Muita fé, força e orações pra conseguir enfrentar essa barra e saiba que Deus melhor que ninguém sabe o que deve ou não acontecer. Somos ignorantes diante dos desígnios Dele.
    Abraços e coragem.

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  2. Puxa kra, que triste, até me emocionei ao ler seu relato, afinal não há palavras nesse para esse momento...
    Espero que Deus ilumine você e toda sua familia, dando- os forças para viver...
    Quanto ao seu futuro, eu nem sei o que dizer, afinal nessas horas sua familia precisa de ti perto deles, porém eles sempre fizeram tudo por ti, e se caso eles desejam você por perto, melhor realizar esse desejo, caso contrário, faça o que seu coração mandar, até porque não de compara a vida ai na Bahia com SP, porém lembre-se de que aconteça o que acontecer sua familia está perto de ti, e em SP apesar de toda agitação, muitos são egoistas....
    Forte abraço e sucessos...

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