"Mesmo que a rota da minha vida me conduza a uma estrela, nem por isso fui dispensado de percorrer os caminhos do mundo" José Saramago
Ler para mim sempre foi uma paixão. Em determinado momento da minha vida, deixei que convicções religiosas dominassem o meu gosto pela leitura, onde evitei alguns livros porque a Igreja denominava-os de impróprios para os cristãos.
Isso perdurou até a minha entrada na Universidade, num ambiente onde não há espaço para ter preconceitos, seja ele qual for, devido a grande variedade de crenças, de pessoas, de situações, de manifestações culturais.
Graças a esse desprendimento de regras religiosas que por pouco não me privaram de ler obras maravilhosas da literatura é que num determinado dia, passeando pela biblioteca da Universidade procurando aleatoriamente um livro para ler, encontrei O Evangelho Segundo Jesus Cristo.
Pelo título, já que remetia a religião, me interessei e resolvi ler o livro.
Meus amigos, foi paixão na primeira leitura. O livro em questão, para quem não leu, é a história de Jesus narrada por ele mesmo. Um Jesus humanizado ao extremo, uma história fantástica e ao mesmo tempo realista, uma escrita que eu nunca havia visto na minha curta existência, algo estranho, sem pontuação, direta, sarcástica, irônica. Enfim, acabei o livro maravilhado e corri em busca de outros livros do autor para conferir se eram iguais a este.
Tive a oportunidade de ler o Ensaio sobre a cegueira, que é igualmente maravilhoso. E minha admiração pelo autor marcou minha vida desde o primeiro livro até o seu último, Caim, que também mexe com religião, uma forma do autor que era ateu de criticar aquilo que não acreditava.
Foi com uma imensa tristeza que confirmei a notícia que uma amiga havia me dado informalmente: José Saramago morreu.
Um gênio da literatura portuguesa e mundial, que escreveu livros maravilhosos e sempre criou polêmica, quando por exemplo deixou seu país de origem, Portugal, para morar numa ilha na Espanha, porque o Governo Português proibiu que seu livro, O Evangelho Segundo Jesus Cristo fosse comercializado no seu país de origem onde a religião é predominantemente católica.
Com certeza o mundo perdeu um grande homem, mas as suas obras ficarão para a eternidade.
A todos, meu abraço!