quarta-feira, 30 de julho de 2008

Não olhe pra trás!



"Nascemos todos os dias quando nasce o sol. Começa hoje mesmo a vida que resta."
Lygia Fagundes Telles, em sua obra Ciranda de Pedra.
Sempre adorei essa frase, da personagem Vírginia, no livro Ciranda de Pedra. Fiz questão de interiorizá-la, não somente memorizar. E sempre que os momentos difíceis se apresentam, penso nela. Recomeçar. Todos os dias, a cada dia, novas chances, novos risos, novas dores. O início de mais uma etapa.
É assim que sinto, após ter que "matar" o sentimento por uma pessoa. Tendo que recomeçar. Limpar a casa, retirar as tralhas, por o lixo pra fora, mudar alguns móveis de lugar. Abrir as janelas e deixar o sol entrar, invadir as arestas, trazer mais luz. E arrumar o ambiente para a possível chegada de uma visita, que pode ser rápida, ou que pode ir ficando, ficando, até conquistar o direito de ali morar. E trazer suas particularidades para a nova moradia, deixando-a melhor do que era.
É preciso estar bem enquanto o coração permanece em "stand by". É o momento para analisar a vida, os caminhos a serem tomados, quem fica, quem precisa sair porque está atrapalhando sua evolução como ser humano... É hora de cultivar o amor-próprio, arrancar as folhas amarelas, regar, podar, colocar um pouco de adubo...e deixar o ciclo natural da vida fazer a sua parte.
Ás vezes os problemas não existem. Nós é que somos apressados, na maioria das vezes, e acabamos atribuindo importância demais a pequenos fatos de nossas vidas.
Este post foi escrito ao som de uma música que fala perfeitamente disso! Não Olhe Pra Trás, de Capital Inicial. Segue alguns trechos:

Nem tudo é como você quer
Nem tudo pode ser perfeito
Pode ser fácil se você
Ver o mundo de outro jeito (...)



Se não faz sentido
Discorde comigo
Não é nada demais
São águas passadas
Escolha uma estrada
E não olhe
Não olhe pra trás



Você quer encontrar a solução
Sem ter nenhum problema
Insistir em se preocupar demais
Cada escolha é um dilema (...)

E para quem quiser ver o vídeoclipe da música, aqui está o link: http://br.youtube.com/watch?v=iAccWyWIKn8.

Abraços a meus amigos leitores!!!

sábado, 26 de julho de 2008


Abandonar, ás vezes, é a melhor forma de preservar um amor." Renata Belmonte, escritora
Post escrito ao som de "O que me importa", de Marisa Monte


Esta frase é o que define melhor o que estou fazendo no momento. Abandonando um amor que sempre foi impossível, mas que mantive pendurado num tênue fio de esperança ao longo 3 anos. Um de meus erros.
Ele sempre deixou claro que de mim só queria a amizade, a qual sempre disse ser muito importante. E eu ofereci mais do que o meu Eu Amigo. Me ofereci por inteiro, estava sempre disposto a subir do posto de amigo para amante, bastava ele querer. Mas isso não aconteceu.
Pelo contrário, veio a difícil confirmação de que eu nunca teria o seu amor. Não como eu queria. Ele está envolvido com uma pessoa que se parece comigo. Sinceramente, até o considero pior do que eu, numa perspectiva estética: desleixado, na concepção de algumas pessoas feio exteriormente, sem atrativos exteriores, além de fazer o mesmo curso que eu na Universidade. E o questionamento: o que ele tem, que eu não tenho? Porém, me venceu. Está com aquele que amo.
Senti cíumes, me afastei, sumi sem dar explicações. E a indagação veio: o que houve? Onde eu estava? Não aguentei e falei tudo novamente. Tudo o que sinto. E o balde de água vindo diretamente das águas dos mares glaciais caiu em cima de mim prontamente: "achei que você tinha entendido da última vez que falamos deste assunto. Escolher alguem para namorar não é algo racional. Não me culpe." Me iludi, enganei meu coração com aqueles beijos no rosto, com os torpedos dizendo que sentia minha falta, com os abraços mais ternos e cheio de sentimento que já recebi na vida. E ainda ganhei de brinde a resposta para outra indagação: "não olho a beleza das pessoas. achei que você soubesse disso." Belo tapa na cara. A sensação que tive ao ler isso, num torpedo SMS, era que um buraco se abria sob meus pés, e queda livre.
Então, creio que depois dos fatos e dos ditos, não me resta opção a não ser abandonar este amor, para que talvez fique a amizade. Uma amiga acha que nem a amizade devo manter, mas ele como amigo é uma ótima pessoa. Porém, não sei se meu coração suportará viver com ele e o novo affair. Pedi um tempo para retomar esta amizade. Preciso curar esta ferida que eu mesmo abri. E decidir se realmente tenho condições de retomá-la. Afinal, creio que não tenho vocação para masoquista.
Abraços...

segunda-feira, 21 de julho de 2008

A hora certa.

Lendo um post no Blog de um "amigo recente" (rs) onde ele descreveu como contou a sua mãe sobre sua homossexualidade, me veio uma pergunta: quando é a hora de contar para aqueles que você ama, principalmente família, que você é homossexual? Que você gosta de homem e pensa em formar o seu futuro ao lado de um?
Há três, quatro anos atrás, foi necessário para mim romper com a Igreja Católica, com seus dogmas, preceitos, para que eu pudesse tentar ser feliz, sem culpa, e vivendo o que eu sempre senti em mim que era o desejo por outros carinhas. Isso é um tópico para outro post que vou escrever em breve, que é a minha questão entre homossexualidade e religião.
De lá pra cá, minha vida melhorou em alguns aspectos. Hoje me divirto mais, tenho mais abertura com meus amigos, por não precisar mais fingir ser um machão, que quer casar com uma mulher e ter lindos filhos. Os meus AMIGOS sabem de minha orientação. E por serem meus AMIGOS, me aceitaram e continuam me amando como antes, talvez até mais.
Mas, mesmo tendo o apoio deles, falta o apoio de minha família. Não digo nem tanto os parentes: avós, tios, primos...mas minha família. Os que me viram crescer, que estiveram comigo em todos os momentos, quase todos os dias de minha vida. Meu pai, minha mãe, meus irmãos.
Nesta caminhada de aceitação, meu irmão do meio, o que veio logo depois de mim, acabou sendo informado (por mim mesmo) de minha orientação. E sinceramente, acho até (ou tenho certeza, mas não tô querendo aceitar, não sei porque...rsrsrsrsrs) que ele também é gay. Bem, a reação dele foi a que eu esperava. Não disse que estava bom, nem que estava ruim. Apenas aceitou, e não se manifesta a este respeito. Me respeita! Acho até que nossa relação melhorou depois que assumi para ele minha homossexualidade.
Hoje, moro com ele. E a figura mais importante de minha vida dorme alguns dias conosco, aqui em nossa casa: minha mãe. Figura doce, divertida, cuidadosa, uma leoa quando o assunto é proteger suas crias. Após a separação de meu pai, nós nos aproximamos muito. E foram inúmeras as vezes em que pensei em sentar e contar a ela o que na verdade ela já sabe: que seu filho mais velho é gay.
Minha mãe é uma pessoa de cabeça aberta. Apesar disso, é influenciável pelo que as irmãs e mãe diz. Mas agora, que ela passa mais tempo conosco, compartilhando da vida de seus filhos já crescidos, esse desejo de contar a ela que sou gay passa inúmeras vezes por minha cabeça. Tudo o que eu mais queria era apenas a aceitação dela, ouvir dela que posso contar com seu ombro sempre que precisar, que seu amor é incondicional. Desconfiar ela com certeza desconfia. Afinal, porque seu filho que não tem namorada guardaria em casa lubrificante e camisinhas? Ela já viu, mas fingiu não ver...
Enfim, quando é o momento certo de dizer pra quem você ama sua orientação sexual? Quando conseguirmos independêcia financeira? Quando encontrarmos alguém especial que esteja do nosso lado para nos apoiar? Depois de levar um fora homérico de alguem que gostamos???
Quando???
Estou aguardando partilha desse momento, pra quem lê meus devanneios. Já contou? Pensa em contar? Se contou, como foi???
Abração.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Devaneios

A correria do dia-a-dia, tão falada por todos e tida como vilã, para outros caí como uma luva. É tão bom estar com a mente ocupada. Pode parecer uma forma de fugir dos problemas, de problemas que na maioria das vezes, nós é que criamos.

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A melhor coisa para você esquecer pessoas que o machucam, e estar com a família que nos foi permitido escolher: OS AMIGOS. Foram a minha força neste momento de transição, de abstração de coisas e pessoas que não estavam me fazendo bem. O processo é lento, mas eles, os amigos, são pacientes e estão ao meu lado.

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Esse conselho de que para encontrar um amor, é necessário não procurá-lo, está começando a fazer sentido pra mim. Afinal, do que adianta tentar forçar o destino? Estou deixando as coisas acontecerem... Estou sofrendo, na verdade, porque nada está acontecendo. Mas tenho esperanças de que isto há de mudar.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

O tempo não pára!

Um SMS, e a confirmação de que estava se sentindo só. Foi assim que o meu ex voltou atrás de mim, pedindo pra voltar, se dizendo arrependido do que me fez. Mexeu comigo, dei esperanças, muito levemente....e falei que esta não é a melhor forma de reatar um "namoro", por torpedos. E o papo fluiu até que algo no fundo começou a me incomodar.
Fazendo uma restrospectiva: O conheci em novembro, e até dezembro, pouco antes das festas natalinas, tínhamos nos visto 2 vezes apenas, mas conversado muito por telefone e SMS. Isto porque ele não mora aqui, na mesma cidade que eu. Janeiro, com a perspectiva de um trabalho que começou no Natal (o que fez com que eu não o visse nas festas), ele me disse que não poderia vir me ver em Janeiro. Entendi, muito a contra-gosto, mas ele disse que o trabalho acabaria no fim de janeiro. Chegou o prazo e disse que a patroa pediu para que ficasse até depois do carnaval. Pirei, mas aceitei, e claro, e cobrei! Fevereiro, fim das festas carnavalescas. O primeiro fim de semana após sair do trabalho, não veio, porque a mãe adoeceu. Segundo fim de semana após sair do trabalho não poderia vir porque a mãe viajaria e ele iria junto. E EU, ONDE FICO NISSO TUDO?
Me pediu um tempo para pensar na viagem, e o idiota deu, na esperança que ele retornasse e viesse enfim matar as saudades. Pois quando voltou, foi para terminar, através de um SMS, com a desculpa de que não conseguia ficar com alguem por muito tempo, que precisava pensar, que eu pressionei demais.
Enfim, sofri! Mas coloquei ele de escanteio, e resolvi recomeçar, tentar encontrar um outro alguém para algo que valesse a pena. Não encontrei. Porém, até então, conheci outros caras, fiz outras amizades, e dei continuidade a minha vida. Até a manhã do fatídico dia de julho, em que ele, que não falava comigo, não respondia meus torpedos quando ás vezes a saudade batia, ou se respondesse, me deixava falando sozinho e nao respondia mais, voltou do nada. Com a desculpa de que se sentia só, precisava conversar com alguém (?) e tal. Papo vai, papo vem. Confessou estar arrependido do que me fez, que sentiu minha falta todo o tempo, que não ficou com mais nínguem (kkkkkkkkkkkkkkk) e que me queria de volta.
Mexeu comigo. Me desestabilizou. Pensei em voltar. Mas depois de alguns dias falando por SMS, descobri que o algo que me incomodava era o meu orgulho ferido. Foi o sofrimento que ele me causou. Foi a covardia em terminar por SMS. Foi a frieza a meus apelos. Foi a insebilidade.
Não voltei. Dei razão a meu coração no momento, que dizia que antes estar só, do que viver na expectativa de ser largado novamente. Expus o que sentia. E ele me falou de crueldade, de nem ao menos tentar, de estar sofrendo. E EU, QUANDO PASSEI PELO MESMO?
Optei por mim, pelo meu amor próprio, pela minha vida. Ás vezes, precisamos deixar o nosso ego falar mais alto.
Que você pense no outro quando ele não mais te interessar, afinal, é um ser humano. Tem coração e sentimentos. E você pode voltar atrás um dia, e ser tarde demais. Ou, para quem estiver na outra posição, avalie seriamente se esta é a melhor decisão a tomar, e se isto o (a) faz feliz. Dê ouvidos ao seu coração.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Porque não eu?


“Quem está com você?”. Essa pergunta ansiava na verdade por uma resposta que não veio.
“Um amigo”. Você sabia, sim, que não era droga de amigo nenhum. Sabia que havia um envolvimento ali e que havia também o desejo de não ferir o coitado que o adorava, que faria tudo para estar no lugar deste “amigo”.
A historia se passou com uma visita surpresa, e a demora de atender a campainha, coisa que você sabe ser anormal. E o nervoso disfarçado, tentando fugir do óbvio. Mas você tinha certeza que estava acontecendo algo, porém foi covarde e fugiu do convite para adentrar o espaço e ver, com seus próprios olhos, quem estava ali, quem era o amigo, e confirmar se realmente não passava de laços de amizade. Não te confirmou as suspeitas se era ou não quem você pensava. Apenas se calou, o que já era uma resposta clara e evidente.
Sua atitude? Ir embora, com raiva, desiludido, sonhando que aquilo fosse realmente coisa da sua cabeça e que ele estivesse realmente com um amigo e nada mais. Afinal, tinha pouco tempo que ele, o cara que você tanto queria pra você e que te relegou ao posto de amigo, de confidente, sabendo que você o amava como homem, acima da amizade, tinha acabado de sair de um relacionamento sério. Essa crença foi o que fez você continuar bem, até hoje.
Uma semana depois. Ponto de ônibus. O dito que você acha que está com ele, está alguns centímentros atrás de você. E você, claro, nem consegue olhar na cara da criaturinha, pequeno, franzino, e sinceramente, sem nada que de cara poderia atraí-lo, por isso você prefere acreditar que nada está acontecendo entre os dois. Mas, junto com a chuva, com o frio, vem a confirmação funesta: aquele que você sempre quis, chega. Com ares de intimidade, com cobranças bobas, típicas de casalzinho recente. E não percebeu (ou fingiu) que você não estava ali, logo um pouco a frente, de costas. Você sabe que ele o viu. Você sentiu. E seu constrangimento foi tal, que buraco se abriu sob seus pés, e com o mundo chuvoso e escuro a sua volta, sua única atitude foi sair daquele lugar, se afastar deles, chovendo ou não, mas ir para longe, ir em busca de consolo, de alguém que pudesse ouvir de você a confirmação bombástica e que compartilhasse da mesma opinião que você: aquele não é homem para ele. Porque não eu? O que ele tem que eu não tenho? Mais inteligente? Mais carinhoso? Mais homem? Mais amante? Mais o que? Bonito, com certeza não é. E o que mais te revolta é que você e o cara que está ocupando o lugar que você sempre quis tem muitas coisas em comum. Isto é o que te revolta. É o que te deixa sem chão, sem compreender quais os critérios dele para estar com esta pessoa.
E agora? O que fazer? Continuar mantendo essa paixão idiota, sem fundamento? Continuar mantendo um fio de esperança de que um dia, talvez quando ele enfim estiver barrigudo e careca (o que não vai demorar), ele perceba que você realmente o desejou, e faria tudo para ser feliz com ele, o procure? Ou renegar este sentimento, matar o desejo, e crer que no mundo existem pessoas melhores que ele, e que poderão te dar valor?